Desenvolvido por Eduardo Bullentini e Adauto Damasio em 2019 baseado no livro Delivering Business Analytics – Practical Guidelines for Best Practice, publicado em 2015 por John Wiley & Sons.
Cadeias de Valor e Análise de Negócios
Ao considerar que cada processo, por si só, precisa gerar valor, é compreensível que alguém seja responsável especificamente por ele. No entanto, muitas vezes, os processos são compostos por uma série de atividades altamente especializadas, facilitando a confusão entre a responsabilidade por efetuar a tarefa e por gerar valor, situação essa que pode levar a resultados apenas satisfatórios e não realmente ótimos.
Transferindo esse conhecimento para o contexto da análise de negócios, o processo de extrair, refinar e capitalizar dados e informações é entendido como uma cadeia de valor.
A cadeia de valor representa um conjunto de atividades específicas realizadas por uma organização, que contempla desde o início até o fim de todos os processos envolvidos em determinada área. Em meio a isso, geralmente, as pessoas envolvidas na execução dessas atividades acreditam que alguém, em algum momento, irá gerar valor com base no trabalho realizado, visando apenas àquilo que elas precisam fazer e não ao resultado, que é realmente importante.
Para avaliar se uma cadeia de valor é bem-sucedida e está gerando os resultados desejados, existem duas medidas:
Idealmente, as cadeias de valor mais eficazes geram melhores resultados. Por exemplo, quando os analíticos são projetados e usados adequadamente, as tomadas de decisão operacionais e estratégicas serão melhores e, consequentemente, trarão melhor retorno.
Por outro lado, cada atividade apresenta determinado custo e tempo para ser realizada, e essa relação define a eficiência de uma cadeia de valor. Ou seja, a eficiência aumenta conforme a quantidade de esforço e recursos utilizados na produção diminui.
Durante o estágio inicial de um projeto, as equipes tentam realizar as tarefas necessárias com o máximo de eficiência possível, devido a restrições de tempo, recursos e ferramentas.
O prazo nunca é ideal para a conclusão de um projeto e sempre existem ferramentas melhores no mercado, fatores que poderiam melhorar – e muito – a eficiência. No entanto, saber o que poderia ter sido feito de maneira diferente, depois do encerramento de um projeto, é fácil.
Inicialmente, a ineficiência não é um problema, pois apesar dos problemas, o trabalho é feito. Porém, ao longo do tempo, o peso das ineficiências começa a restringir a equipe.
Processos ineficientes costumam ser bastante frágeis, ou seja, pequenas mudanças podem causar grandes problemas.
O problema é que, muitas vezes, a equipe não tem escolha, e um processo quebrado pode criar valor negativo para a organização. Sendo assim, buscar melhorias contínuas com foco na eficiência não é uma opção, mas uma necessidade para organizações que pretendem alcançar escalabilidade na produção.
Lembrando que ajustar um processo simples e pequeno é mais fácil e rápido do que quando ele se torna maior e mais complexo.
A solução ideal para que todos da equipe busquem os melhores resultados e que seja gerado valor a partir de cada atividade é atribuir responsabilidades de maneira diferente.
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O responsável por um processo não deve ser o único a entregar resultados e gerar valor. Em vez disso, todos os envolvidos devem ter responsabilidade sobre a atividade executada e o resultado entregue.
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A equipe passa de um modelo de responsabilidade baseado em resultados gerais, para um modelo de responsabilidades que inclui resultados e atividades funcionais. Por exemplo, uma pessoa que é extremamente conhecedora de gerenciamento de dados passa a trabalhar em todas as cadeias de valor que envolvem o gerenciamento de dados.
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Com base nesse modelo, as pessoas atuam conforme suas especialidades e alavancam conjuntos de atividades em diferentes processos, em vez de realizar apenas um único processo. Ao atribuir peso para as atividades com base nos pontos fortes funcionais das pessoas, cada cadeia de valor vai se beneficiar das eficiências da equipe.
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As principais vantagens dessa solução estão na reutilização da experiência das pessoas em diferentes atividades de variados processos e na eficiência operacional, gerando mais melhorias globais para a organização, em vez de melhorias locais.
Os dados são o oxigênio para uma equipe de análise de negócios, ou seja, sem eles, a equipe não tem como sobreviver. Mas você sabe como os dados podem gerar valor real para a empresa? Se por meio da criatividade e da experiência ou por processos e governança? Acreditar que a equipe gera valor por meio da busca por dados de fontes desconhecidas e secretas, fazendo essa transformação de maneira indefinida é um mito que acompanha a análise de negócios.
Na verdade, a geração de valor vem da existência de uma estrutura em torno dessa equipe, que cobra por respostas, e replicabilidade de processos bem definidos, para conseguir encontrar e tratar os dados corretamente.
As cinco etapas para a transformação de dados em valor são as seguintes:
1. Busca das fontes de dados brutos;
2. Limpeza e inserção de dados;
3. Cálculo de transformações e derivações;
4. Cálculo de dados de valor agregado;
5. Tradução dos dados de forma consumível, garantindo a sua comunicação.
Na prática, essas etapas da cadeia de valor não precisam acontecer separadamente, apenas quando isso fizer sentido para a equipe de análise de negócios. O ponto mais importante dessa cadeia de valor é que a equipe consiga rastrear como cada uma dessas transformações afeta os seus dados originais.
Isolar, rastrear e medir como cada uma dessas cinco etapas influencia os resultados gerados facilita a identificação e o ajuste de erros, uma vez que a equipe pode analisar cada uma das etapas separadamente, conseguindo agir diretamente no ponto necessário.
Ao tratar os processos com base em uma lista de verificação de atividades específicas, a equipe ganha eficiência e confiabilidade por facilitar a sua análise e depuração. Essa abordagem reduz os riscos e simplifica a manutenção dos dados analíticos.
Portanto, com esse conhecimento, será possível tornar esses processos transparentes, repetíveis e auditáveis, sabendo ao certo como ocorrem todas as atividades e o impacto de cada uma nos dados e nos resultados. Sem processos transparentes e que possam ser repetidos, a análise de negócios pode gerar dados inconsistentes e influenciar diretamente os resultados da organização. A transparência também ajuda a gerar eficiência e a replicar as melhores práticas descobertas.
Leia o artigo “Porter’s Value Chain: Understanding How Value Is Created Within Organizations“ no link abaixo:
Os processos geradores de valor são aqueles nos quais ocorre aumento da eficiência. Uma forma de garantir o aumento da eficiência é atribuir responsabilidades por um resultado a toda a equipe. Uma equipe de Análise de Negócios deve conhecer o seu negócio e saber tratar os dados de forma adequada, pois isso garantirá que ocorra análise de boa qualidade.
Referências Bibliográficas
1. STUBBS, Evan. Delivering Business Analytics – Practical Guidelines for Best Practice . John Wiley & Sons, Inc, 2013. ISBN: 9781118370568
QUANTITATIVE & QUALITATIVE METHODS FOR DECISION MAKING - BUS518.3.2
Cadeias de Valor e Análise de Negócios
Imagens: shutterstock
Livro de referência:
Delivering Business Analytics – Practical Guidelines for Best Practice
John Wiley & Sons
2015.